terça-feira, 24 de julho de 2007

CREPÚSCULO




O homem recolhe-se no estuário de um rio e chama-lhe a sua casa como se de fora tudo viesse como estranho.
Percorrera sem fim o rio para montante, petiz ainda na companhia dos homens da vila, mas estranhara o azedume daquela caminhada de eterno regresso.
Desceu um dia pela madrugada de novo, mas sózinho e olhara a foz que se espraiava confundindo-se com o céu.
Qualquer abrigo lhe serviria para se proteger do frio ou da chuva, porque qualquer desses elementos estarão perto da sua natureza.
Construiu um barco e uns remos, experimentou a navegação movida pelos braços, que sabia, lhe serviriam para alimentar a alma e o sopro imaginário do vento das grandes fantasias.
Agora quando anoitece, do seu abrigo, ouve as ondas ao longe e sente que de lá, de onde o infinito sangra de crepúsculo, virá um dia alguém que o levará consigo, na maré das barcas que perseguem a estrela de alva, para lá do eterno mundo dos homens eternamente surpreendidos.

Um comentário:

Anônimo disse...

Esta postagem marcada pelo mar e barro da terra, tem o condão de nos despertar a ternura - essa expressão, apaziguadora, da alma.
Bem Hajas!