sábado, 16 de janeiro de 2010

PROVOCAÇÃO A MARIA


Maria que sofres, porque te dedicas a sofrer quando tens tempo para que isso desperte em ti um sentimento de pertença, porque dizem ser do teu mester sofreres para dares vida e a manteres.
Maria que me tens em ti durante a tua vida quase toda, mas que será toda só se tu quiseres, porque sabes sofrer a parte restante da vida para ti sem te lembrares de mim.
Maria que em silêncio me observas maternalmente sem denunciares o teu instinto por não saberes que o exerces na direcção de quem precisa de ti.
Maria que, és vaidosa, quase insinuadora, ingenuamente provocadora em dias que não geres por serem da divina providência acontecerem como dedicados a demónios que nunca interpretaste.
Maria que me assistes, uns dias moribundo por não te entender, nos dias em que devo ser teu servo no fenómeno da cobrição dos desejos que não sabias existirem nos dias das tuas aparentes decisões.
Maria que decides sem quereres ser decisiva no meu destino, apenas porque instintivamente o és em nome da natureza, da tua vontade e de mais ninguém.
Maria que me atormentas, me fazes sentir vivo, morto até, num turbilhão de práticas mentais que me levam a acusar-te sem saber porquê, só porque és o meu principio e o meu fim consciente, esperado, inútil mas desesperado. Porque sei que sou teu predecessor nos actos da vida, e do pensamento sobre a morte.
Maria,só por tudo isto, torna-me a vida leve, sorri e acaricia-me de quando em vez, porque sempre me senti o teu objecto de culto, quando torneando o teu castelo imaginário me senti um pajem, ou mesmo bobo, nos serões das tuas venturas, em busca da minha felicidade.
Pobre de mim Maria, que só vivo porque tu queres, ou então, fala comigo usando as palavras que nunca ousaste dizer.