quarta-feira, 1 de agosto de 2007

DEUSAS DE NÓS


E a mulher, só, no esplendor da sua contemplação, no meio da multidão, sentia-se a anunciadora da vontade dos homens.
Sacerdotisa dos tempos de cólera, só poderia ter sido ela a colocá-los perante as constantes provas de valentia…
Interrogou um homem distraído:
- Porque não sorris como eu?
O homem distraído e atarefado respondeu::
-Porque…olha, porque não sei!...
Ela que trilhara o caminho dos homens empreendedores, agora, ao levantar os seus ossos do chão, comovia-se perante aquela demonstração humilde e tangente da procura de afectos.
Sorriu e continuou o seu percurso sem deixar de sorrir, reconhecendo o seu erro.
Decidira deixar para trás a história, que os homens abraçam, eternamente cegos porque ignoram o retorno do seu olhar.
Indiferente aos olhares maliciosos, carentes e assustados dos homens que por ela passavam, iria iniciar a sua reconstrução.

3 comentários:

utopia-x-7 disse...

Quem é que não fica sensibilizado com esta postagem? Nomeadamente se for mulher!...
São Pérolas-generosamente!-lançadas neste suporte.
Bem hajas

Canseiroso disse...

É a minha homenagem ao lado sensível, frágil e cristalino da vida...que por vezes gosto de lembrar como homem.

Anônimo disse...

Constato que não te deixaste derrubar pela a ditadura, que obriga os homens a desdenhar o lado sensível, frágil e cristalino da vida...
Tu estás salvo, Homem!
Mesmo eu não sendo uma deusa, recebe um Grande Beijo