domingo, 12 de agosto de 2007

TEMPO MÍSTICO


É tempo da sazonal reconciliação do rio com as suas margens.
Sejamos testemunhas dessa harmonia, em tempo de descanso dos nossos delírios quotidianos.
Uma vez em contacto com a natureza, teremos oportunidade de nos aproximar em espírito e em corpo, da nossa substância.
Aceitando a natureza, teremos conquistado a motivação mais espontânea do nosso espírito, que uma vez desperto para essa relação, exercitará a mente no sentido de tornar as nossas vidas valiosas.
Não é fácil, em contexto educacional, com determinações sociais rígidas e cada vez mais imperfeitas, abrirmos a nossa mente a uma educação que procure a nossa felicidade.
No entanto, o treino disciplinado do nosso espírito, no sentido da harmonia com a nossa consciência, fruto do impacto de uma determinada acção, que vise a compaixão, por exemplo… perdurará depois por dias, meses e anos.
A compaixão com a natureza e todos os seus elementos.
A partir daí, podemos usufruir em determinados tempos e espaços, com certeza absoluta, de uma disposição permanente, de partilha de felicidade se a experiência foi ao encontro do despertar de uma potência latente, que está em nós muitas vezes adormecida.

Vou na procura do meu reforço nesses lugares…
Voltarei ainda mais consciente da necessidade de retomar este espaço.
(O canal fica aberto. Usem-no com sapiência)

Boas Férias

terça-feira, 7 de agosto de 2007

O TEMPO PODE ESPERAR....


Enquanto se espera, o tempo percorre o espaço vazio da solidão, da esperança ou do desespero.
O tempo é inexorável e segue o seu trajecto, tal como a corrente dos rios, que arrastando mesmo vozes que neles clamem por novas oportunidades, se quedam mudos, severa e serenamente indiferentes ao espaço que percorrem.
Se quisermos inventar uma cadeia trófica aplicada à relação entre o imaginário de cada um de nós, com a natureza do tempo, claramente ficaríamos a ganhar no espaço que nos pertence preencher nesta subjectiva pirâmide alimentar.
Todavia, no topo da hierarquia, de espaço simbólico por ínfimo, que concentra o mistério visível e paradoxalmente imperceptível, indiferenciado, da existência perene dos poderes sobre a humanidade, coloca-se o tempo.

Impõe-se por isso agir, quase sempre, para benefício pessoal na resolução de problemas, que insistem em bloquear a natureza de cada um, ou para evitar que outros tomem a iniciativa de decidir por nós, mesmo em contextos de maior complexidade.
Trata-se afinal de não deixar que se subverta a natureza do espaço em que se nasce, vive e morre.
Agir em desordem, desânimo ou confiança, mas agir.
O equilíbrio prevalecerá.

quarta-feira, 1 de agosto de 2007

DEUSAS DE NÓS


E a mulher, só, no esplendor da sua contemplação, no meio da multidão, sentia-se a anunciadora da vontade dos homens.
Sacerdotisa dos tempos de cólera, só poderia ter sido ela a colocá-los perante as constantes provas de valentia…
Interrogou um homem distraído:
- Porque não sorris como eu?
O homem distraído e atarefado respondeu::
-Porque…olha, porque não sei!...
Ela que trilhara o caminho dos homens empreendedores, agora, ao levantar os seus ossos do chão, comovia-se perante aquela demonstração humilde e tangente da procura de afectos.
Sorriu e continuou o seu percurso sem deixar de sorrir, reconhecendo o seu erro.
Decidira deixar para trás a história, que os homens abraçam, eternamente cegos porque ignoram o retorno do seu olhar.
Indiferente aos olhares maliciosos, carentes e assustados dos homens que por ela passavam, iria iniciar a sua reconstrução.