quinta-feira, 9 de julho de 2009

A ESTEIRA


O sol anuncia-se firmemente:

-Assim fez sempre-dizia o pastor-

-Ou talvez não continuamente!...

Incauta e resignada assiste a malta,

Na palidez da planura em que persiste


E porque resiste assim a gente,

A tão natural acção do Estio,

Sem povilhal a que acorrer,

Ou sustento, para quem dele cuide?


Será pelo desamor do credo

A oração do universo bastante,

Que por tão febril e constante

Trás aos homens o medo da sorte?


Afinal quantos poemas de verão

Poderão ensombrar a canícula,

Quando é no inverno que se arrasa a alma

Que agora é sana, sem emoção, tão calma…


Poeta afinal, é o pastor que assim cura,

Com os olhos no deserto de ficar,

O que o Estio lhe anuncia de secura

Amarela e resistente às formas de amar


Por isso ele se cala com a Bonita

À Donzela sorri, gritando à Jeitosa

Dá favas à Boneca, assobia à rafeira

Sonha com afagos, só, na sua esteira.

Um comentário:

Anfitrite disse...

Canseiroso,
já agora arranje mais uma esteira e quatro paus para o pobre do Hómê ter um bocadinho de sombra, já que não se avista nenhum chaparro.
A minha vinda aqui foi para lhe dar os Parabéns por finalmente ter sido reaberto o Museu de Évora.
E como elas devem andar por aí desejo-lhe umas sãs, profícuas e, ao mesmo tempo, remansas férias.
A.B.