sexta-feira, 26 de setembro de 2008

O PRÍNCIPE MENDIGO


Era uma vez um príncipe…
Vivia num reino que sabia que não seria seu, por isso pensava que um dia seria feliz junto de uma camponesa, entre campos floridos, numa casa de madeira a cheirar a coisas da terra.
Um dia foi à cidade e como era belo e gentil, deixou-se cortejar por uma plebeia .
Assim, o belo príncipe deixou que a plebeia o acariciasse e porque era gentil como são todos os príncipes, casou com ela.
Tiveram filhos e o príncipe ficou esquecido no berço da nobreza, por ter casado com uma mulher da populaça.
Ficou só, com a mulher que um dia o acariciara porque era príncipe e belo, mas que nunca o reconheceria como gentil.
O reino definhou, o príncipe fugiu para parte incerta e ainda hoje, escondido algures, espera que nenhuma plebeia o encontre mais, por sentir que não quereria ser acariciado por uma mulher que não acredita que existem príncipes gentis.

quarta-feira, 17 de setembro de 2008

SÍMBOLOS


O Mouro não se esquiva a lamber a primeira pedra que lhe apareça pela frente.
Ei-lo esguio, elegante e sabedor das manhas da sua amiga Lena, que matreiramente o caçou nesta sua necessidade básica.
Não seria ali que ele deveria beber a sua água, mesmo que os 40 graus à sombra obriguem a pouca reflexão. Todavia, aquele lago que já teve um metro e meio de altura, foi todo partido para que agora, apenas com cinquenta centímetros, ele possa transgredir as regras da Quinta à vontade.
É amante da Seara, cadela de poucas falas e muito tino e por isso mesmo o adopto como símbolo universal da indiferença perante os bebedouros públicos.

terça-feira, 9 de setembro de 2008

SER POETA ÚNICO E INTEMPORAL


Comparar poetas, enfim, que extravagâncias
Quando tantas palavras escritas e que fantasiam
Nos fazem crer em todas, até nas que extasiam
Em sublimes recantos de estranhas fragrâncias

Pessoas, que nos fazem assim acreditar,
Que ditam palavras onde se sente coração
Que embriagam e levam até à emoção
Sem nomes, exultantes no acto de meditar

Assim, num apelo reverso da alma contida
O poeta desperta na primeira palavra o clamor
Reflexo mesmo da tristeza, ou pungente amor
Chorando-a depois, por diante de si, e da sua vida