segunda-feira, 1 de outubro de 2007

O HÁBITO NÃO É TUDO...


«Tudo quanto o homem expõe ou exprime é uma nota à margem de um texto apagado de todo. Mais ou menos, pelo sentido da nota, tiramos o sentido que havia de ser o do texto; mas fica sempre uma dúvida, e os sentidos possíveis são muitos.» (Trecho 148)

Bernardo Soares-in «O Livro do Desassossego»

A Igreja sempre soube interpretar religiosamente a vontade do homem, mesmo que jovem ainda procurasse a ironia das coisas em vez das coisas irónicas, ou pecadoras.
As missões católicas sobretudo depois da Contra Reforma assumiram um carácter evangelizador, sustentadas na verdade de escrituras consideradas textos sagrados.
Ao debruçar-me sobre Pessoa e o seu desassossego, não deixo, nem deixarei de, por um lado, me envolver na coisa sagrada que em todo o mundo assumiu e assumirá sempre um papel de sustentabilidade das nossas emoções e contradições, como não deixarei de considerar sempre incompleto o texto que emana da profundeza da Palavra.
Quer enquanto feitores ou guardadores do segredo da fé, quer enquanto detentores da descoberta da Verdade, haverá sempre no espaço da contemplação, momentos de excitação, hesitação e confiança, que a nenhum pregador ou confessor caberá julgar.

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