Ela é a cor que neste fervor, suporta ainda a dor
Na bravura da imensa planura, de solidão dura
Mas que enobrece a luta da labuta em si bruta
A favor da cura que não dura e por si depura
Vê-se e lê-se acintosamente e crê-se
Na vinda da lida de quem fará vida
De tormentos, ornamentos e outros lamentos
Por amor, outrora desamor, outrora terror
2 comentários:
Porquê de negro? :(
No momento em que comecei a ler este poema, logo nas primeiras palavras veio-me à memória Florbela Espanca e as Árvores do Alentejo. Não sei porquê a conotação, não sei porquê a lembrança... mas aqui fica.
Horas mortas... curvadas aos pés do Monte
A planície é um brasido... e, torturadas,
As árvores sangrentas, revoltadas,
Gritam a Deus a bênção duma fonte!
E quando, manhã alta, o sol postonte
A oiro a giesta, a arder, pelas estradas,
Esfíngicas, recortam desgrenhadas
Os trágicos perfis no horizonte!
Árvores! Corações, almas que choram,
Almas iguais à minha, almas que imploram
Em vão remédio para tanta mágoa!
Árvores! Não choreis! Olhai e vede:
-Também ando a gritar, morta de sede,
Pedindo a Deus a minha gota de água!
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