quarta-feira, 25 de março de 2009

ACREDITAR







Ela é a cor que neste fervor, suporta ainda a dor

Na bravura da imensa planura, de solidão dura

Mas que enobrece a luta da labuta em si bruta

A favor da cura que não dura e por si depura


Vê-se e lê-se acintosamente e crê-se

Na vinda da lida de quem fará vida

De tormentos, ornamentos e outros lamentos

Por amor, outrora desamor, outrora terror

2 comentários:

Ana disse...

Porquê de negro? :(

Ana disse...

No momento em que comecei a ler este poema, logo nas primeiras palavras veio-me à memória Florbela Espanca e as Árvores do Alentejo. Não sei porquê a conotação, não sei porquê a lembrança... mas aqui fica.

Horas mortas... curvadas aos pés do Monte
A planície é um brasido... e, torturadas,
As árvores sangrentas, revoltadas,
Gritam a Deus a bênção duma fonte!

E quando, manhã alta, o sol postonte
A oiro a giesta, a arder, pelas estradas,
Esfíngicas, recortam desgrenhadas
Os trágicos perfis no horizonte!

Árvores! Corações, almas que choram,
Almas iguais à minha, almas que imploram
Em vão remédio para tanta mágoa!

Árvores! Não choreis! Olhai e vede:
-Também ando a gritar, morta de sede,
Pedindo a Deus a minha gota de água!