quinta-feira, 2 de abril de 2009

CADA VEZ MAIS...





O jantar caiu-me mal pelo facto da selecção não ter marcado um golinho.

Depois do jogo acabar, fiz duas ou três inspirações e as respectivas expirações e voltei à normalidade, embora já me tenham explicado que não se deve inspirar muito profundamente depois do jantar. Mas das duas uma, ou inspirava por mor do desanuviamento do empate da selecção ou continuava com aquela murrinha na cabeça e como se sabe, aquelas inspirações servem precisamente para que as murrinhas da cabeça desapareçam.

Como não sou pessoa de me inquietar com coisas menores esqueci rapidamente o ocorrido e peguei no diário cá da terra, deparando com um artigo que dizia assim:

«Severiano Teixeira, Ministro da Defesa, elogia o lado humano de Marcelo Caetano»


O Diário do Sul reproduzia assim as palavras do próprio:

«Houve sempre uma contradição entre a formação de jurista de Marcelo Caetano com o autoritarismo do Estado Novo», afirmou Nuno Severiano Teixeira, citando como exemplo a «intervenção da polícia política na Faculdade de Medicina em 1947, à qual Marcelo se opôs.»


Mais à frente dizia o prestigiante Diário do Sul, o tal jornal cá da terra:

«A autora do livro «Marcelo Caetano - O Homem que perdeu a fé», Manuela Goucha Soares, formou-se na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa e é jornalista do semanário «Expresso», tendo sido assessora de Severiano Teixeira aquando da sua passagem pelo ministério da Administração Interna, no final da década de 90.»


Depois pus-me a pensar:

Mas o Marcelo Caetano não fora deportado para o Brasil como forma de não ser julgado e condenado por ter mandado para as prisões da PIDE centenas de pessoas neste país?


Poderia um futuro Chefe de Governo do Estado Novo, como o foi Marcelo, ter contradições que revelassem por um lado, os laços afectivos ou humanos com os jovens, ao mesmo tempo que vinte anos depois os perseguia e prendia, só porque estes pediam um país livre mesmo com derrotas da selecção?


Admitamos até que sim. Que existia essa contradição.


Mas isso será razão para evocar o lado humano de um homem que mandou torturar outros homens e mulheres que pediam apenas um país livre, de gente com formação, educação e bem estar social?


O actual Ministro da Defesa, Severiano Teixeira, se pretende evocar a paz e a concórdia como forma de atenuar a indigestão da esmagadora maioria dos portugueses evitando assim uma insurreição, só pode estar a fazê-lo, apenas, para atenuar a derrota da nossa selecção…

Desta maneira apenas revela a sua contradição e consequentemente a sua inutilidade.


Um comentário:

cabeça disse...

Boa malha meu amigo, quem fala assim não é gago, refiro-me ao jogo da malha porque o futebol já não consta na minha lista de preferências desportistas. Quando li o teu artigo e deparei com o nome de "Severiano Teixeira" defesa?! mas quê! defesa direito?, esquerdo?, central?, no meu dislectico erro passei por cima do
"Ministro" e só acordei nas páginas do Diário do Sul, afinal o homem não era um dos milionários meninos da selecção Portuguesa. O jogo é outro!. As bocas são grandes, as cabeças pequenas, os olhos maiores que as barrigas, equipamentos cinzentos, treinos intensivos em Audis, ou mesmo Mercedes, a pausa muito regada, recuperar é preciso, perfeitos administradores das ricas firmas que alimentam as suas practicas desportivas, e a fome continua, é a fome do poder, "SÃO OS JOGADORES DA POLITICA". É pá!, num País onde o "Oliveira Salazar" foi considerado a figura mais relevante da Historia de Portugal!, é o humanismo de Marcelo Caetano, CAGATIVO!. Portugal tem aquilo que merece. Abraço