domingo, 28 de fevereiro de 2010

ELOGIO TOTALITÁRIO


Relendo algo, deparei-me com uma frase que Jean Paul Sartre terá proferido, contextualizando-se assim o seu significado:
«Nunca fomos tão livres como durante a ocupação alemã»

Importou-me a frase na medida do aborrecimento que estava a ser para mim, dar uma aula subordinada ao velho tema da confrontação entre regimes totalitários e regimes democráticos.

Sempre, durante todo o tempo em que tive que focar este tipo de matéria, me debati com a necessidade de aproximação a alguma transcendência, aplicada a mim e aos meus alunos, por considerar que limitar tal tema à exígua análise histórica seria uma grande seca.

Assim, eu que até considerava a Sociologia uma ciência auxiliar da História, vejo-me forçado a ir beber a Max Weber e a R. Boudon o elixir da serenidade, quando deste último leio esta maravilha: «A acção de um indivíduo desenvolve-se sempre no interior de um sistema de constrangimentos, mais ou menos claramente definidos, mais ou menos transparentes, mais ou menos rigorosos».

Era a pedra de sal que me faltava neste cozinhado de Verdade da História, que mesmo impregnado de dissertações sobre o Sujeito que também é Objecto e coisa e tal…carecia todavia ainda de uma maior compreensão acerca da individualidade idiossincrática de cada um de nós, mesmo que confrontados com o excesso de rigor liberal, já para não falar da carência de totalitarismo inibidor da nossa criatividade(ironia).

Sendo assim, e sem que este meu espaço seja destinado a manifestações patológicas, deixo no entanto um recado: Não se desculpem com o que podem ou não vir a ser, mas sim com o que já foram, porque passada a tormenta, eis que adquiristes imensa sabedoria e sobretudo fostes livres na vossa acção. Esperemos que sim….

Falei de política, de educação, de desporto? Claramente que não, nem admito conversas dessas neste espaço. (nova ironia)

2 comentários:

Anfitrite disse...

Canseiroso,
Começo com um elogio singular. Quero agradecer-lhe porque, pela primeira vez, alguém não utilizou o calão
"LOL"(que a maioria não sabe se é palavra, se é acrónimo, ou ambos), mas sim a palavra ironia.
Depois dizer que alguma coisa falhou nas minhas conversas com Simone de Beauvoir porque ela nunca me falou que Sartre tivesse dito isso. Mas é natural, porque ele era um rato de biblioteca.
Peço ao Professor que me perdoe, mas para ser douto em qualquer matéria, tem de consultar também, Chiavenato, Durkheim, Levi Moreno, Lombroso e tantos outros, porque é preciso saber de Pedagogia, Psicologia, Sociologia, etc. (já sabe como eu sou incoveniente).
Quanto ao passado ser uma fonte de sabedoria adquirida que nos dá muita força, nem sempre fomos livres nas opções que tomámos, embora nos ajude a enfrentar o futuro.
Finalmente e para não deixar que o incomode mais quero dizer-lhe que adorei que o Sporting tivesse ganhado ao Porto e o Benfica ao Leixões.
Tenho dito.
Boa noite.

Canseiroso disse...

Anfitrite

Obrigado pela participação, uma vez mais.
Discordo de si desta vez,na medida em que não tenho uma visão compartimentada do saber.Refiro-me obviamente ao «ser preciso saber» Chiavenato, Durkheim, Levi Moreno e outros que sugere.
Digo isto porque,para além da oposição Durkhein-Max Weber, que sendo bastante para entender que em matéria de ciêcias sociais toda a discussão é infundada se não for inventada,opto apenas por fazer da tormenta das suas palavras(ironia) elogios a Simone de Beauvoir, por tão cândidamente fingir que ignorava o que o seu companheiro dizia em sonhos enquanto ela tomava notas.
Quanto ao futebol, sou de alma, do benfica por solidariedade clubista com o meu povo.
Um bom dia