O sol anuncia-se firmemente:
-Assim fez sempre-dizia o pastor-
-Ou talvez não continuamente!...
Incauta e resignada assiste a malta,
Na palidez da planura em que persiste
E porque resiste assim a gente,
A tão natural acção do Estio,
Sem povilhal a que acorrer,
Ou sustento, para quem dele cuide?
Será pelo desamor do credo
A oração do universo bastante,
Que por tão febril e constante
Trás aos homens o medo da sorte?
Afinal quantos poemas de verão
Poderão ensombrar a canícula,
Quando é no inverno que se arrasa a alma
Que agora é sana, sem emoção, tão calma…
Poeta afinal, é o pastor que assim cura,
Com os olhos no deserto de ficar,
O que o Estio lhe anuncia de secura
Amarela e resistente às formas de amar
Por isso ele se cala com a Bonita
À Donzela sorri, gritando à Jeitosa
Dá favas à Boneca, assobia à rafeira
Sonha com afagos, só, na sua esteira.
Um comentário:
Canseiroso,
já agora arranje mais uma esteira e quatro paus para o pobre do Hómê ter um bocadinho de sombra, já que não se avista nenhum chaparro.
A minha vinda aqui foi para lhe dar os Parabéns por finalmente ter sido reaberto o Museu de Évora.
E como elas devem andar por aí desejo-lhe umas sãs, profícuas e, ao mesmo tempo, remansas férias.
A.B.
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