terça-feira, 5 de junho de 2012

POR CÁ VAMOS ANDANDO...


"Uma manhã, ao despertar  de sonhos inquietantes, Gregor Samsa deu por si na cama transformado num gigantesco insecto"





Recordo esta obra (A Metamorfose de Franz Kafka-1912) como o paradigma da sociedade portuguesa actual. Pelo que contém de sonho, de realidade e de julgamento desses sonhos a favor duma realidade absurda,ou mesmo ingénua.

Um homem português na esperança sombria, de que no dia seguinte acorde homem ainda e que se resigna, quando acordado, ao facto de afinal ter acordado um insecto.
Que cara a aventura de existir, que lucrativa a esperança de apenas viver, submetido ao império dos sentidos que a paternidade impõe.
Que disponibilidade para aceitar a inevitabilidade da mudança em si, para proveito da venturosa vida dos outros.
Que mistério do sofrimento doce, por pouco esforçado, espontâneo e afinal autoritário em si.

Que sublime submissão ao pai que o gerou, como filho da putativa discussão nas assembleias dos bons homens, que se dizem.
Que putativa vida que os pariu, aos homens que pronunciam o nome das coisas, como outros homens e agora também mulheres, querem que elas se chamem…
…As tais palavras proferidas no momento que antecede a metamorfose